
Choque de navios deixa um desaparecido e ameaça poluir o Mar do Norte

Uma pessoa estava desaparecida nesta segunda-feira (10) após uma colisão entre dois navios no Mar do Norte, que provocou um vazamento de querosene e ameaçava poluir o litoral da Inglaterra.
Imagens exibidas por canais de TV britânicos mostraram colunas de fumaça e chamas após o incidente, cuja causa é desconhecida.
A operação de resgate, com cerca de trinta pessoas evacuadas, era coordenada pela Guarda Costeira do Reino Unido, que anunciou o risco de poluição após o incidente, que causou incêndios em ambos os navios.
O petroleiro envolvido é o "Stena Immaculate", que estava ancorado perto da localidade inglesa de Hull, e com o qual colidiu o cargueiro "Solong", segundo a Guarda Costeira. O Solong pertence à empresa alemã Reederei Köpping, tem bandeira portuguesa e havia deixado no começo do dia o porto escocês de Grangemouth em direção à Holanda.
Segundo a empresa alemã, um dos 14 tripulantes do cargueiro estava desaparecido e operações de busca estavam em andamento para localizá-lo. Já o petroleiro pertence à armadora sueca Stena Bulk e havia zarpado do porto grego de Agioi Teodoroi com destino a Killinghome, Inglaterra.
O diretor do porto de Grimsby, Martyn Boyers, disse à AFP que 32 feridos foram transferidos para a cidade. Mas, segundo Alastair Smith, chefe do serviço de resgate de Lincolnshire e East Midlands, "36 pacientes foram tratados no local e nenhum deles precisou ser levado para o hospital".
- Tanque de querosene danificado -
A empresa americana Crowley, que opera o petroleiro, disse que o Stena Immaculate foi atingido pelo Solong, que um tanque de transporte de querosene havia "sofrido uma ruptura" e que a tripulação evacuou a embarcação após explosões. Um porta-voz militar americano disse que o petroleiro havia sido fretado pelo Exército dos Estados Unidos.
O tanque danificado continha querosene Jet A-1, usado principalmente na aviação, um combustível leve e que tende a se dissolver mais rapidamente na água em comparação com outros hidrocarbonetos mais pesados, como o petróleo bruto.
Ivor Vince, fundador da ASK Consultants, que presta consultoria sobre riscos ambientais, disse à AFP que "a boa notícia é que não é persistente, não é como um vazamento de petróleo bruto". "A maior parte vai evaporar rapidamente, e o que não evaporar será decomposto por microorganismos com bastante rapidez", acrescentou, alertando, no entanto, para a possibilidade de morte de peixes e outras criaturas.
- Gás inflamável -
Segundo o site Lloyd's List Intelligence, especializado em transporte marítimo, o navio de carga transportava 15 contêineres de cianureto de sódio, um gás inflamável altamente tóxico.
Tom Webb, professor de ecologia marinha da Universidade de Sheffield, disse que a área onde a colisão ocorreu é conhecida por sua rica vida silvestre. "A poluição química resultante de incidentes desse tipo pode ter um impacto direto nas aves e efeitos a longo prazo na cadeia alimentar marinha."
Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, considerou a situação "extremamente preocupante". "À medida que surgem mais informações sobre o que os navios transportavam, ficamos extremamente preocupados com os múltiplos riscos tóxicos que esses produtos químicos podem representar para a vida marinha", alertou Paul Johnston, principal cientista dos Laboratórios de Pesquisa do Greenpeace na Universidade de Exeter.
H.Bauer--BlnAP