
Guiana pede 'paz' com Venezuela e respeito à decisão sobre zona petrolífera em disputa

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse nesta terça-feira (11) que busca uma saída pacífica com a Venezuela no conflito que mantêm por um território fronteiriço rico em petróleo, e pediu ao governo de Nicolás Maduro que respeite uma eventual decisão adotada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre a disputa.
Na semana passada, Ali denunciou a incursão de um navio militar venezuelano em "águas da Guiana" que a Venezuela defende como suas. A Força Armada venezuelana negou a incursão, e Maduro acusou a Guiana de ter uma atitude "beligerante". Após esse incidente, o líder venezuelano pediu uma reunião com Ali.
Venezuela e Guiana disputam há meio século a região do Essequibo, que abrange cerca de 160.000 km², mas a polêmica voltou à tona em 2015, quando a petrolífera americana ExxonMobil descobriu poços de hidrocarbonetos na região.
Nesta terça-feira, durante sua participação na conferência de energia e petróleo CERAWeek, em Houston, nos Estados Unidos, à qual compareceu para promover os investimentos em seu país, Ali disse que sua nação "acredita na paz" e que fará "tudo o que for necessário para que se mantenha a paz, principalmente no Hemisfério Ocidental".
Além disso, afirmou que espera fortalecer seus laços com os Estados Unidos para que eles refinem seu combustível e depois devolvam parte dele a preços mais baixos para seus cidadãos.
A Guiana assegura que o Essequibo faz parte de seu território com base em um laudo arbitral de 1899, e pediu à CIJ que o ratificasse.
"A controvérsia está nas mãos da CIJ, estamos esperando a decisão e tudo o que pedimos é que se respeite a decisão e o Estado de Direito", disse Ali.
A Venezuela rejeita a jurisdição da CIJ no caso e reivindica um acordo de 1966, firmado antes da independência guianense, que anulou o laudo de 1899 e estabeleceu bases para uma solução negociada. A Guiana, contudo, rejeita o acordo de 1966 e pediu à CIJ, em 2018, que ratificasse o laudo de 1899.
Georgetown solicitou recentemente à CIJ medidas de proteção ante a convocação da Venezuela para eleições no Essequibo.
Em 2023, ambas as partes se comprometeram a evitar o uso da força. Entretanto, Maduro considera que Ali busca o conflito e o chamou de "Zelensky do Caribe", em referência à guerra na Ucrânia, na qual apoia o presidente russo Vladimir Putin.
A Venezuela disse que recentemente constatou a presença de 28 navios de perfuração e petroleiros estrangeiros na região em disputa. Mas Ali assegura que os navios flutuantes de produção, armazenamento e descarga da ExxonMobil operam "legalmente dentro da zona econômica exclusiva [ZEE] da Guiana".
Georgetown entregou licenças para a exploração de petróleo em 2023, que elevaram as tensões com Caracas. Em abril de 2024, a Guiana concedeu um novo contrato a ExxonMobil que reacendeu as tensões e que a Venezuela acabou tachando de "ilegal".
C.Milbrandt--BlnAP