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Fed preocupado com efeitos inflacionários das políticas de Trump
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Os responsáveis pela política monetária do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos expressaram preocupação com os possíveis efeitos inflacionários das propostas do presidente americano, Donald Trump, em matéria comercial e migratória, segundo as atas de sua última reunião, publicadas nesta quarta-feira (19).
O presidente ameaçou impor altas tarifas a alguns dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, acusando-os de práticas comerciais desleais e de não fazer o suficiente para combater o narcotráfico.
Também prometeu realizar a maior deportação em massa de migrantes da história do país, o que, segundo muitos economistas, também poderia ter efeitos inflacionários.
O Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC), que define a taxa de juros de referência, votou em 29 de janeiro para fazer uma pausa nos cortes após três reduções consecutivas e indicou que não tinha pressa em retomá-los.
A decisão do Fed de manter sua taxa entre 4,25% e 4,50% ocorreu poucos dias depois da posse de Trump e em meio a um leve aumento da inflação ao consumidor.
"Os participantes esperavam que, com uma política monetária adequada, a inflação continuasse avançando em direção a 2%, embora o progresso pudesse permanecer irregular", afirmou o Fed nas atas, referindo-se à meta de longo prazo de 2%.
Os responsáveis manifestaram preocupação com o fato de que "os efeitos das possíveis mudanças na política comercial e de imigração" poderiam complicar o processo de desinflação, acrescentou a instituição nas atas, que não mencionam Trump diretamente.
O Fed se reúne a cada seis semanas para avaliar o nível das taxas de juros.
Quando as taxas são elevadas, o crédito fica mais caros, o que reduz o consumo e o investimento, diminuindo a pressão sobre os preços. Por outro lado, taxas mais baixas impulsionam a dinâmica econômica.
O mercado americano vê poucas chances de que o Fed volte a cortar as taxas nos próximos meses.
J.P.Hoffmann--BlnAP