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Zelensky recebe apoio de aliados na cúpula de Londres após bate-boca com Trump
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A Europa enfrenta um "momento único" para consolidar sua "segurança", disse, neste domingo (2), o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, ao abrir uma cúpula com quase 20 países e organizações aliadas da Ucrânia na presença do presidente desse país, Volodimir Zelensky, dois dias depois de seu forte bate-boca com Donald Trump na Casa Branca.
Os 18 dirigentes presentes na cúpula com Zelensky tinham diante de si "um momento único em uma geração para a segurança da Europa", disse Keir Starmer.
"Espero que saiba que estaremos todos com você e com o povo da Ucrânia durante o tempo que for necessário. Todos ao redor desta mesa", disse Starmer ao líder ucraniano, sentado a seu lado.
O primeiro-ministro britânico havia anunciado, algumas horas antes do início da cúpula, que Reino Unido e França estão trabalhando com a Ucrânia "em um plano para o fim dos combates" no conflito desse país com a Rússia.
"Estabelecemos que o Reino Unido, junto com a França e talvez mais um ou dois [países], vão trabalhar juntos com a Ucrânia em um plano para o fim dos combates, e depois discutiremos esse plano com os Estados Unidos", disse Keir Starmer à emissora BBC.
O premiê britânico, e os presidentes de França e Ucrânia, Emmanuel Macron e Volodimir Zelensky, viajaram esta semana, em eventos separados, para Washington para se encontrarem com o presidente americano.
A reunião deste domingo em Londres busca acordos em matéria de segurança e mostrar seu apoio a Ucrânia, e foram convidados os dirigentes de França, Alemanha, Dinamarca, Itália, Turquia, Países Baixos, Noruega, Polônia, Espanha, Finlândia, Suécia, República Tcheca e Romênia, entre outros.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, e os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, bem como o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também estão presentes na cúpula.
"Estamos todos muito comprometidos com um objetivo que queremos alcançar, que é uma paz justa e duradoura na Ucrânia. Acho que é muito importante que evitemos o risco de o Ocidente se dividir", apontou a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.
Meloni também se reuniu com Zelensky à margem da cúpula.
"A reunião reafirma o apoio da Itália à Ucrânia e a seu povo, bem como o compromisso, com seus parceiros europeus, ocidentais e dos Estados Unidos, de construir uma paz justa e duradoura, que garanta um futuro de soberania, segurança e liberdade para a Ucrânia", disse o governo italiano em comunicado.
Ucrânia e Europa acompanham com preocupação a aproximação entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin, que iniciaram negociações bilaterais para encerrar a guerra sem convidar a Ucrânia nem os europeus.
"No século XXI, as relações entre os países são de alianças, não de vassalagem. A época dos países subordinados acabou. Hoje defendemos uma ordem internacional de países livres, iguais e soberanos. Por isso defendemos a Ucrânia perante a ameaça neoimperialista de Putin", escreveu o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, na rede social X, antes da reunião de Londres.
O governo britânico firmou na noite de sábado um acordo de empréstimo de 2,26 bilhões de libras esterlinas (R$ 16,6 bilhões) para apoiar as capacidades de defesa da Ucrânia.
"Todos na Europa terão que dar mais" para apoiar a Ucrânia, disse neste domingo, na rede social X, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
Os participantes também discutem na cúpula "a necessidade de que a Europa desempenhe o seu papel em defesa" e os "próximos passos no planejamento de fortes garantias de segurança" no continente, diante do risco da retirada do guarda-chuva militar e nuclear dos Estados Unidos.
A tensão disparou após a altercação verbal de sexta-feira na Casa Branca, na qual Trump repreendeu Zelensky, acusando-o de apostar "com o risco de uma terceira guerra mundial".
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse neste domingo que o seu país poderia usar seus laços amistosos com Washington para persuadir os Estados Unidos a apoiarem mais a Ucrânia.
Tusk acrescentou que a Polônia "será mais ouvida" devido a seus altos gastos em defesa e "relações muito boas com os americanos".
- Aperitivo da cúpula de Bruxelas -
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a mudança radical na política externa dos Estados Unidos em relação à Rússia coincidia "amplamente" com a visão de Moscou, em entrevista exibida neste domingo na televisão estatal.
A reunião de Londres neste domingo chega antes de outra cúpula europeia sobre a Ucrânia prevista para 6 de março em Bruxelas.
Em uma entrevista com vários jornais, o presidente francês Emmanuel Macron disse esperar que os países da União Europeia avancem rapidamente para um "financiamento maciço e comum" que represente "centenas de bilhões de euros" para construir uma defesa comum.
C.Milbrandt--BlnAP