
Suspeito de atentado no aeroporto de Cabul comparece a tribunal nos EUA

O responsável do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) suspeito de organizar o ataque de agosto de 2021 no aeroporto de Cabul, que matou 183 pessoas, incluindo 13 soldados americanos, compareceu nesta quarta-feira (5) perante um tribunal da Virgínia, no leste dos Estados Unidos.
Segundo o Departamento de Justiça, Mohammad Sharifullah confessou que monitorou e estudou a rota para o aeroporto, onde mais tarde um homem-bomba detonou um dispositivo entre a multidão que tentava fugir dos talibãs, que tinham acabado de tomar o controle de Cabul.
O homem compareceu a um tribunal de Alexandria, perto da capital Washington, com uniforme de prisão azul claro. Um defensor público e um intérprete foram designados para o réu.
Sharifullah, que não se declarou culpado ou inocente e comparecerá novamente ao mesmo tribunal na segunda-feira, é acusado de "proporcionar e conspirar para proporcionar apoio material e recursos a uma organização terrorista estrangeira com resultado letal".
O agressor que detonou os explosivos em 26 de agosto de 2021 foi identificado como Abdul Rahman al Logari, segundo o Departamento de Justiça.
A pasta detalhou também que Sharifullah admitiu sua participação em outros ataques, incluído o cometido na casa de espetáculos Crocus City Hall em Moscou, na Rússia, em março de 2024.
Criticando a retirada como "catastrófica e incapaz" sob o governo Biden, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a prisão do "terrorista responsável por esta atrocidade" em seu discurso ao Congresso na noite de terça-feira.
"Neste momento, ele está vindo para cá para enfrentar rapidamente a espada da Justiça americana", afirmou o republicano, que agradeceu ao Paquistão pela ajuda na captura.
O homem foi preso pelo serviço secreto do Paquistão com base em informações da CIA -- a agência de inteligência americana -- e poderá ser condenado à prisão perpétua, segundo a secretária de Justiça dos Estados Unidos, Pam Bondi.
O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, agradeceu a Trump por ter reconhecido "em seu justo valor" o papel de seu país no apoio aos "esforços antiterroristas no Afeganistão", em uma mensagem no X.
O Paquistão acusa o governo talibã de não eliminar os militantes que se refugiam em seu território para preparar ataques, acusações negadas por Cabul, que por sua vez culpa Islamabad por hospedar células "terroristas".
O governo talibã rejeitou novamente essas acusações nesta quarta-feira e declarou em um comunicado que a prisão de Sharifullah "prova" que os esconderijos dos jihadistas estão em território paquistanês.
W.Kretschmer--BlnAP