
Musical 'Hamilton' cancela apresentações no Kennedy Center após intervenção de Trump

Os produtores do musical "Hamilton" cancelaram na quarta-feira as atuações previstas para o Kennedy Center de Washington, ao alegar que Donald Trump cerceou a "neutralidade" política do importante centro cultural desde que voltou à Casa Branca.
O espetáculo, criado pelo americano de origem porto-riquenha Lin-Manuel Miranda e que explora a vida de Alexander Hamilton, um dos pais fundadores dos Estados Unidos, seria apresentado no local entre março e abril de 2026 para comemorar os 250 anos da declaração de independência do país.
Mas os produtores do musical consideram que não podem mais atuar neste palco desde que sofreu uma intervenção de Trump pouco depois da posse do republicano em 20 de janeiro. O magnata disse que o local havia se tornado uma instituição muito liberal.
Em um comunicado na rede social X, o produtor Jeffrey Seller destacou que o enorme complexo de mármore branco com vista para o rio Potomac na capital americana foi fundado como um local onde pessoas de todas as tendências políticas poderiam se reunir para aproveitar a arte.
"No entanto, nas últimas semanas, vimos décadas de neutralidade do Kennedy Center serem destruídas", escreveu Seller.
"O recente expurgo feito pela administração Trump, tanto de funcionários profissionais quanto de eventos de artes cênicas no Kennedy Center ou produzidos originalmente por ele vai contra tudo o que esse tesouro cultural nacional representa", acrescentou Seller.
O cancelamento é o mais recente de uma série de baixas artísticas desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Em um primeiro momento, ele se nomeou presidente do espaço e expulsou os democratas do conselho de direção.
Depois indicou ao conselho de administração vários de seus mais leais colaboradores e escolheu como titular Richard Grenell, seu embaixador na Alemanha durante seu primeiro mandato.
Entre os artistas que suspenderam seus planos de se apresentar no Kennedy Center estão a cantora e folclorista Rhiannon Giddens e a atriz Issa Rae.
"Essa última ação de Trump significa que este não é o Kennedy Center tal como o conhecíamos", considerou Lin-Manuel Miranda em uma entrevista ao lado de Seller ao jornal The New York Times.
"O Kennedy Center não foi criado com esse espírito, e não vamos fazer parte dele enquanto for o Kennedy Center de Trump", acrescentou.
No X, Grenell qualificou o cancelamento de "truque publicitário que será contraproducente".
"As artes são para todos, não apenas para as pessoas que gostam de Lin e com as quais [ele] está de acordo", escreveu o novo presidente do centro.
E.Becker--BlnAP